domingo, 6 de novembro de 2011

FAZEI DE MIM


Érik Dominik
Senhor,

Dai paz àqueles que vivem em pura agonia
Conforto àqueles que vivem sempre inseguros
Coragem àqueles que se sentem impuros
E alívio àqueles que vivem o desespero a cada dia

Pois é preciso encher de luz o coração dos que o sentem frio
Encher de alegria o coração dos que estão desanimados
Encher de esperança o coração dos desesperados
Encher de serenidade os que têm o coração agitado e vazio

É tempo de partir em busca de seguro alicerce
De conhecer o que há por trás do véu da escuridão
De enxergar e cultivar os próximos passos sem ilusão
Martírio feliz do coração que a si mesmo esquece

Pois Deus faz conhecer o sofrimento antes de tornar instrumento de vida
Para que o médico fabrique o próprio remédio
Embora seja o paciente que cura o seu tédio
A propriedade de quem receita faz ver bem melhor a ferida

É preciso conhecer o caminho antes de ensinar a trilha
Sentir a mesma dor de que se propõe a tratar
É preciso que seja como a pedra que faz tropeçar
E morar no continente antes de voltar a se tornar uma ilha

Que seja tão pequeno como os servos da última hora
Que não se exaltam diante das tentações da vida
Quando o efêmero parece estar de partida
O infinito reage e, num piscar de olhos, o conflito vai-se embora

Quando se unem coração e cotidiano
E finalmente o orgulho destoa da razão
É Deus que faz agora usar da mais pura e clara intuição
Para fazer enxergar dia após dia, ano após ano

Senhor,

Fazei de mim novamente vosso instrumento
Como o era aos tempos do farol diamante
Fazei-me feliz ao me dedicar ao semelhante
E realizar o meu trabalho sem encantamento

Fazei de mim discípulo justo e sério
Como o era aos tempos do caminho
Perdoa os meus períodos de desalinho
E me faz relembrar alguns de seus mistérios

Pois que coloco meu coração ao vosso dispor
Para que o próximo encontre em mim o vosso conforto
Que me dê o dom de dar vida ao coração morto
Como quem faz da alma odiosa um templo de amor

Fazei com que seja como um humilde passarinho
Que busca na mata os galhos de sua construção
Tanto aprende a lidar com habilidade e emoção
Que ajuda os demais a construírem os seus ninhos

Pois paz é equilíbrio.
Serenidade é satisfação.
Alegria é convivência fraterna.
Felicidade é doação.
E amor é caridade.
06/11/2011

(Esta poesia tem 12 estrofes e 51 versos, sendo: a) 11 quartas com rima (abba) e métrica média ou boa; b) 1 estrofe final sem rima e com métrica, com 5 versos; e c) possui ainda 2 vocativos ("Senhor,") , que contam aqui somente como versos e não como estrofes.

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